sexta-feira, 28 de maio de 2010

Nada



Depois do nada vem a redenção
Antes, nada mais, apenas vida no sentido social
Dessa que se vive mal
Cuja fonte é a pura obsessão
Pelo nadinha, pela ilusão.

O povinho, «ciente» de si,
Vai vivendo por aí
Como se o fim de semana fosse a vida
Como se o resto fosse apenas o necessário.

E o necessário é ganhar algum
Ser alguém no meio de nenhures.
Ser uma espécie de sanguessuga ferida
Por males que não vêm no dicionário.

Soube do nada que preciso de viver
E é do nada que o vou fazer.

Porque o nada é tudo – mude-se a definição!
Porque a razão está mesmo no coração!

O céu muda e olhamos para o chão

O céu está demasiado estranho
Na forma e no tamanho!
As nuvens formam padrões psicadélicos
Uma espécie de ameaços bélicos
Daqueles que nos arrepiam e nos fazem tremer
Qual formiga que teme morrer.

E o pânico vem, vai, volta!
E o cheiro a sangue intensifica-se mais e mais
E mais!
E já só oiço ais!
No meio de águias e pardais
Não sobra espaço para os demais
Esses que lutam para ser alguém
Temem não ser ninguém
E se esquecem do que são – enormes.
Desses como tu, tu sim!
Que sonhas sem fim
Estás acordado mas dormes...

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