quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Sintam o que sinto


Deambulando soturno por estas novas ruas,
Percepcionando a mudança constante das luas,
Já nem sei que quero da vida nem que'é vida
Porque a minha rota não s'ta definida.

Que sensação má do que tenho gasto
Que mórbida estranheza a meu lado
Que viver mais podre e nefasto
Que ser tão desorientado
Me sinto, aqui, hoje.

O mundo me foge.
A vida é,
Aqui ao pé,
Só nada!!!
Aaaahhh!!!

Porque deambulo por deambular
As luas já não se encontram no lugar .
Porque a vida não s'ta como devia estar;
Porque a rota é em si demasiado vulgar.

(Este poema pretende que o leitor vá esmorecendo à medida que o lê, dai que não só os versos vão ficando mais pequenos como a própria métrica do poema vai diminuindo em ciclos constantes. No primeiro verso há 14 silabas métricas, no seguinte 13 e assim sucessivamente. Por outro lado, até à epifania final iniciada no verso "a vida é", todos os versos acabam com uma palavra grave (que tem a silaba tónica na penúltima sílaba). Isto porque são palavras com uma acentuação sonora que se intensifica e esmorece, desta forma pretendo retratar o que é a vida, com constantes desilusões.
Quanto à ultima quadra, ela pretende explicar a razão de tal esmorecimento, sendo que todos os versos são hendecassílabos (com 11 silabas métricas). Escolhi o número onze pela sua simetria e perfeição, numa ténue esperança de que a vida possa ser assim também.)

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