quarta-feira, 15 de dezembro de 2010



Nesta puta de vida,
Neste oceano de degredo
Perde-se a batida
Perde-se o segredo
E sobressai o medo!

Pois nesta vida que é puta
Só se vê diferença e solidão
Todos tentam, mas ninguém disfruta
Da real essência da nossa “liberdade”
Somos todos uma mentira sem idade!

E a vida, apesar de ainda existir
Torna-se pequena e frustrada
Rimo-nos do que não devemos rir
Começamos por ser tudo e acabamos sendo nada
Porque a vida é desperdiçada.

Pense-se nisto para dentro de nós
Reflicta-se o que fazemos
Se não aproveitamos enquanto vivemos
A morte não nos deixará aproveitar
E acabamos sendo mais um nada a lamentar.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010


São amorfas,
Estas vidas entrelaçadas
Vistas por prismas indiscretos
Vistas por todos esses nadas.

São antropomórficas
Na medida em que se soubessem viver
Seriam vidas não perdidas
Pois nunca se poderiam perder.

E eu sou um gajo feliz
É isso o que a minha consciência diz
Porque compreendo as coisas de uma maneira
Que me permite suavizar cada asneira.

Sou esse tipo de gajo, acho
Que come e bebe que nem um cacho
Tragos de vida aos golos
Tragos de saudade aos molhos
E que vive aos pulos
Com o que vêem os seus olhos.

Assim quero continuar
Poetizando por poetizar.

Assim quero continuar a ser
Uma espécie de louco que até sabe
[mais ou menos]
Viver!

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Nada



Depois do nada vem a redenção
Antes, nada mais, apenas vida no sentido social
Dessa que se vive mal
Cuja fonte é a pura obsessão
Pelo nadinha, pela ilusão.

O povinho, «ciente» de si,
Vai vivendo por aí
Como se o fim de semana fosse a vida
Como se o resto fosse apenas o necessário.

E o necessário é ganhar algum
Ser alguém no meio de nenhures.
Ser uma espécie de sanguessuga ferida
Por males que não vêm no dicionário.

Soube do nada que preciso de viver
E é do nada que o vou fazer.

Porque o nada é tudo – mude-se a definição!
Porque a razão está mesmo no coração!

O céu muda e olhamos para o chão

O céu está demasiado estranho
Na forma e no tamanho!
As nuvens formam padrões psicadélicos
Uma espécie de ameaços bélicos
Daqueles que nos arrepiam e nos fazem tremer
Qual formiga que teme morrer.

E o pânico vem, vai, volta!
E o cheiro a sangue intensifica-se mais e mais
E mais!
E já só oiço ais!
No meio de águias e pardais
Não sobra espaço para os demais
Esses que lutam para ser alguém
Temem não ser ninguém
E se esquecem do que são – enormes.
Desses como tu, tu sim!
Que sonhas sem fim
Estás acordado mas dormes...

quarta-feira, 24 de março de 2010

The Strokes - You only live once

Não resisto a pôr aqui uma musica que descobri recentemente dos "The Strokes", chamada "You only live once", alguma coisa como: "Só se vive uma vez". Deixo o videoclip e a letra em inglês:



Ooooooooh Ooooh Ooooh

Some people think they're always right
Others are quiet and uptight
Others they seem so very nice, nice, nice, nice, nice, nice...(oh-ho)
Inside they might feel sad and wrong (oh no



Twenty-nine different attributes
Only seven that you like (uh oh)
Twenty ways to see the world (oh-ho)
Twenty ways to start a fight (oh-ho)

Oh don't, don't, don't get up
Sh-sh-sh-sh-I can't see the sunshine
I'll be waiting for you, baby
Cause I'm through
Sit me down
Shut me up
I'll calm down
And I'll get along with you
ooooooo-ooooooo-oooooh


Oh, men don't notice what they got
Oh, women think of that a lot...
A thousand ways to please your man (oh-ho)
Not even one requires a plan (I know)



And countless odd religions, too
It doesn't matter which you choose (oh no)
One stubborn way to turn your back (oh-ho)
This I've tried and now refuse (oh-ho)


Oh don't, don't, don't get up
Sh-sh-sh-sh-I can't see the sunshine
Oh, I'll be waiting for you, baby
Cause I'm through
Sit me down
Shut me up
I'll calm down
And I'll get along with you
Alright


Shut me up
Shut me up
And I'll get along with you

Apetece-me


Apetece-me fazer qualquer coisa

Gritar, saltar, chorar, algo...
Apetece-me dizer ao Mundo o que sou
Porque o sou, como o sou...
Apetece-me virar para a montanha e dizer-lhe que a vou subir
Apetece-me rir, rir, rir!!!

Apetece-me dizer ao Mundo como estou
Os mergulhos em chão duro que dou
Contar-lhe o sitio para onde vou
Contar ao Mundo que ele mudou...

E se mudou...
Tanto que está irreconhecível
Apetece-me gritar ao Mundo, meu eterno amor
Que ele já esteve bem melhor...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Capitão desgovernado

Pintura de: Vladimir Kush (vale a pena conhecerem)

Que raio de dia, este
Onde o norte está no oeste
A vida marcha ao som da voz agreste
De um qualquer capitão desnorteado.

O navio está claramente mal contruído
A proa e a popa trocadas
E a capitania sem rotas traçadas...

Ah, Deus meu, Deus meu,
És tão válido como Leviatã
Tão existente quanto Satã
Tão mentira quanto eu
Quando digo ser imortal...

Ah, Deus meu, Deus meu,
És tão válido quanto o Adamastor
És lenda, de maior terror
Tão social quanto eu
Quando digo ser social...

Mas não me leves a mal
Se disser que és apenas um pensamento
Criado pelo «tal» social
Que pensa que pensa mas não o consegue
Veremos a mentira que se te segue...

ADeus!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Salvadores


Ouvi hoje na televisão
Que tristeza e fado,
Nostalgia e solidão,
Caminham lado a lado.

Pois eu digo-vos nesta prosa
Que a vida não é assim
Por ser maravilhosa!

Hoje nasceu o meu salvador
Aquele que me trouxe sentimentos habitáveis debilmente
Em grutas que já não conhecia
Trogloditas...
Já nem sei o que são tristezas malditas
Porque hoje só consigo sorrir!
Já nem sei que ânsias eruditas
Existam ou possam existir:
Hoje só me da para rir!

Amo já este menino sem ainda o ter visto
Amo-o já de uma forma desproporcional com qualquer medida
Amo-o porque ele é já parte de mim
Porque apenas por ter chegado me ressuscitou a vida!
Amo-te Salvador, desprotegido nunca serás
Porque sei que terás imenso tempo para me amar também
Porque significas tão só felicidade no estado puro!

E eu não saberei mais chorar
Com meninos como os que a vida me veio dar!

Porque um sorriso estampado no rosto de cada um deles
É mais poderoso sozinho que mil problemas!
Porque sem esse sorriso nunca haverá rastos de vida
Porque esse sorriso afasta os dilemas!

Amo-vos, meninos meus
Vocês são o meu deus!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Pilares meus de vida minha

Imagem: Maria da Silva (agradecido) - vejam as maravilhas que ela capta

Gosto de sentir a vida
Mas sinto-a com uma soturnidade tão intensa
Que chego a desejar que todos, mesmo os que amo
A sintam assim também.

E descobrindo, desfilando, deslizando,
passo pela vida aos escorregões
Com uma sensação constante de ter deixado algo
Com um amor profético carregado às costas
Com um receio temeroso do que esta vida tem.

Nem mágoa nem alegria:
Não sinto nada senão amor.
Muitas vezes julgo sentir alegria, mas é amor
Outras penso sentir raiva, mas é amor.
Outras nostalgia ou saudade, mas é amor...

Em cada quark, em cada electrão, protão, neutrão,
Em cada átomo, em cada célula, em cada órgão
Em cada parte recôndita de mim, só sinto amor.
Amor a esse algo que deixei
Amor a tudo o que já amei
Amor aos meus, esses a quem posso chamar meus!

Basta-me parar e recordo,
Basta-me um segundo de olhos fechados
Para ver o Mundo
Para que me invadam um turbilhão de recordações.

Recordo dia após dia quem é o segredo do meu sorriso
Pois se descubro, se desfilo, se deslizo
É a vocês que o devo, amigos e família
Pregados e alojados no meu coração
Magníficos são os meus pilares
E sempre os meus pilares serão.

Sintam o que sinto


Deambulando soturno por estas novas ruas,
Percepcionando a mudança constante das luas,
Já nem sei que quero da vida nem que'é vida
Porque a minha rota não s'ta definida.

Que sensação má do que tenho gasto
Que mórbida estranheza a meu lado
Que viver mais podre e nefasto
Que ser tão desorientado
Me sinto, aqui, hoje.

O mundo me foge.
A vida é,
Aqui ao pé,
Só nada!!!
Aaaahhh!!!

Porque deambulo por deambular
As luas já não se encontram no lugar .
Porque a vida não s'ta como devia estar;
Porque a rota é em si demasiado vulgar.

(Este poema pretende que o leitor vá esmorecendo à medida que o lê, dai que não só os versos vão ficando mais pequenos como a própria métrica do poema vai diminuindo em ciclos constantes. No primeiro verso há 14 silabas métricas, no seguinte 13 e assim sucessivamente. Por outro lado, até à epifania final iniciada no verso "a vida é", todos os versos acabam com uma palavra grave (que tem a silaba tónica na penúltima sílaba). Isto porque são palavras com uma acentuação sonora que se intensifica e esmorece, desta forma pretendo retratar o que é a vida, com constantes desilusões.
Quanto à ultima quadra, ela pretende explicar a razão de tal esmorecimento, sendo que todos os versos são hendecassílabos (com 11 silabas métricas). Escolhi o número onze pela sua simetria e perfeição, numa ténue esperança de que a vida possa ser assim também.)

Maratona sem prémio (pelo contrário)


Desacelerando o ritmo constante
Da vida maravilhosamente errante
A órbita é comprida mas apreceável.
Ritmando o ritmo desordenado
Do fulgor por nós criado
A órbita é comprida mas alcançável.
Não mais que sonhos se almejam
Não mais que verdades se desejam
No caminho da nossa incrível vida.
Mais curta que comprida, mais curta que comprida.
Porque sem conta, peso, ou medida
Aprecia-se tudo sem classificação
Vêem-se as coisas tal como são
Porque sou da natura irmão
Porque sou da natura irmão.
E que pássaros voando
Pedras rolando
Humanos caminhando.
E que animais vivendo
Árvores crescendo
Vidas sem dividendo
Que descobrem o horrendo
E orbitam no desnecessário
Do valor material e primário.
Tic-tic-tic
ploc-ploc-ploc
Ah-ah-ah
A musica que a natureza nos dá...
Não sei se algo mais belo haverá,
Mas sei que coisa mais pura não há!
Porque a sofisticação ilusória
Que mudou o rumo da história
(Mais curta que comprida, mais curta que comprida
Mais mentira que vida, mais mentira que vida)
Em nada melhorou o mundo
Que se tornou vazio e moribundo
Que não é mais algo a que se possa chamar
MUNDO! MUNDO! MUNDO!
O vazio a triplicar
Mostra a importância que lhe devíamos dar
O mundo não é mais natureza
Porque ninguém lhe vê a beleza
Que os verdadeiros Homo-Sapiens lhe deram
Somos nada mais que o vazio - tão só
Somos animais que metem dó...